Quais são as características de um bom jogo?
Primeiramente, o jogo deve envolver uma combinação otimizada de habilidade e chance. Um equilíbrio entre ordem e randomização.
Por exemplo, um jogo de jogar moeda (cara ou coroa), com 50% de chances de dar ambas as opções, após um curto período, isto se torna entediante. Então, para estimular o jogo, é preciso acrescentar elementos externos motivacionais que façam com que o jogo seja mais engajante. Introduzindo também junto a estes elementos, um pouco de habilidade por parte do jogador.
Mas se um jogo depende apenas da habilidade, especialmente uma forma bastante complexa de habilidade, ele se torna cansativo. Pendulando para o lado oposto no espectro dos jogos.
De um lado está algo bastante simples como cara ou coroa ou o jogo da velha. Que é principalmente influenciado pela chance de dar certo. Por exemplo o jogo da velha, quando você sabe como jogar, se reduz a ou ganhar ou empatar para conseguir o primeiro movimento.
Enquanto em um outro lado da escala, num jogo muito complexo como o sugerido por alguns, como Xadrez ou Go em três dimensões, onde os jogadores utilizaram oito tabuleiros para que possuam um cubo para jogar, isto teria tanta complexidade que é impossível manter o foco e acompanhar tantas possibilidades simultâneas. O que faz com que o jogo se torne totalmente confuso para a maioria das pessoas.
Portanto, um jogo ótimo está no centro desta escala, como poker, damas, e até mesmo Xadrez. Onde existe uma relação entre habilidade e chance. Então, para motivar as pessoas a continuarem jogando o jogo, e para considerarmos que ele seja bom, buscamos por este ponto de equilíbrio. Onde exista um risco, que faz com que as coisas não sejam predeterminadas, pois qualquer jogo onde o resultado é conhecido não vale a pena ser jogado.
Para confirmar esta afirmação, imagine um jogo de xadrez onde o branco percebe que será check-mate em 5 movimentos, ele se rende e diz: vamos começar novamente. Assim é também em outros jogos, onde a maior diversão da situação é que não sabemos qual será o resultado, e isto é o que faz ele valha a pena ser jogado.
Esta é apenas uma característica de um jogo viável, existe outra, de uma natureza mais ética, que pode ser explicada pelo termo “confiar no jogo”.
Se, como jogadores, não fizermos um ato de fé e confiança, então não iremos jogar.
Esta é a necessidade de realizar uma aposta para começar um jogo. Não necessariamente em termos financeiros, visto que esta aposta pode ser emocional ou psicológica.
Mas existe a necessidade de confiar, para que este o jogo realize em nós o que esperamos dele. Isto se torna difícil em uma cultura onde estamos cada vez mais tentando diminuir o risco agregado das coisas. Assim como diminuir risco das relações humanas, o que resulta no aumento da dificuldade dos processos naturais.
Quando tentamos eliminar este risco, as atividades se tornam impossíveis de acontecer de acordo com a maneira proposta.
Um bom jogo é aquele que consegue estimular este ato de fé dos participantes.
Fazendo com que o processo seja leve e o jogador se sinta despreocupado com o resultado final, mesmo assim, motivado a continuar desenvolvendo suas habilidades.
Nos tornamos ansiosos em cometer um erro, e de uma forma similar a uma pessoa que se sente imobilizada, ou amarrada por nós e cordas, o jogador que não confia no jogo está criando resistência, não conseguindo agir, e portanto, o jogo não acontece.
Para que o jogo aconteça de forma natural, os participantes necessitam liberar o medo de errar e liberar a desconfiança, para que não exista tanto controle, e portanto, o processo aconteça.
Abrir mão do controle direto para entrar no desconhecido e ter as experiências propostas. Isto também é fundamental.