O trabalho como ferramenta de transformação do Ser Humano e da sociedade.
Trabalhar é visto, sem exceção, como uma atividade social obrigatória para sustentação da vida.
É por definição minha, uma atividade de transformação de energias que permite com que o agente mude a recorrente situação atual, e em função disto, obtenha benefícios diretamente proporcionais ao impacto causado e ao valor gerado pelo seu esforço, sentimento e tempo.
Seja direto ou indiretamente, o trabalho permite que o homem exerça uma transformação interna e com isto manifeste no ambiente exterior seus valores e suas próprias ideias relacionadas à tríade de vontade, amor e inteligência.
Com a recorrente análise de uma dualidade entre o trabalho conectado gerador do bem e o trabalho destrutivo gerador de sofrimento, é vital que eu levante alguns pontos na observação sobre como manter um alto nível energético, assim garantindo a satisfação do indivíduo e a evolução da sociedade como beneficio colateral do ato de trabalhar.
Quando o homem passou a trabalhar pelo objetivo material, tudo virou uma atitude com uma finalidade, o dinheiro. A natureza impactante do trabalho é na verdade o sentimento gerado na execução deste, o trabalho pelo ato de trabalhar, de fazer, um processo fluido e natural.
Ao passar a ter um efeito desejado, o processo em si perdeu seu valor e o foco foi desviado. As prioridades foram corrompidas… A sociedade deixou de educar um indivíduo de acordo com suas biodisponibilidades e passou a educá-lo para preencher uma posição no mercado, exercer uma função que forneceria a ele a estrutura materialista com o foco no consumo. Então os homens deixaram de exercer a função de seres humanos para poder assim atender aos seus instintos animalizados de autopreservação e reprodução.
O problema que percebo é que com um instinto animal, começamos a ter necessidade de acumulo, pois quanto mais acumularmos, menos precisaremos trabalhar visto que o trabalho nesta perspectiva é apenas uma meio para conseguir algo, e não um ato de satisfação. Começa então a transformação do homem em um predador, um leão, mas que pensa.
E por pensar, o leão passa a antecipar o amanhã, o mês seguinte, o futuro... E ao invés da caçar uma zebra para satisfazer sua fome, esquece da natureza do universo que provê sempre abundância por lei, mata 10 zebras de uma vez, e congela todas em uma grande geladeira de acumulação.
O universo é por si só extremamente rico; uma mangueira precisa apenas de uma semente para sua continuidade, ainda sim milhares de mangas crescem de uma única vez. Crescem para satisfazer as necessidades básicas da vida, a manutenção e transformação.
Vejo na autenticidade de um ser humano que desenvolve suas habilidades de ser, um infinito potencial abundante de poder. O ato de filosofar é estimular a sabedoria e o amor, e é extremamente vital para que prospere o bem na sociedade. O ato de trabalhar conectado à causa, é do mesmo modo,a forma mais natural de pertencimento de um para com o todo.
Ainda assim, se sucumbirmos aos desejos materiais, deixamos de executar um trabalho focado no serviço, no simples ato de prover valor sem pensar no que virá em troca, sem segundas intenções.
Então, temos duas escolhas possíveis de serem feitas:
A) Continuar no caminho atual de produção e consumo que acabará com todos os recursos naturais em pouco mais de meio século;
B) Manter o caminho da luz, descobrindo a satisfação verdadeira de ajudar, de gerar, de estar em alinhamento com o próximo para que este sim consiga satisfazer as suas necessidades; e que o progresso seja feito em conjunto. Com menos competição e mais colaboração, uma corrida onde todos chegam em primeiro lugar.
E uma mão lava a outra, uma pessoa lava o pé da outra. Pois esta é a cultura que permite o equilíbrio natural dos plano metafísico. O ato de servir e ver que outra pessoa está muito melhor do que antes, e tudo por causa da sua ajuda, é uma escolha diária que pode ser feita nas pequenas atitudes recorrentes.
Acredito que a compaixão libera hormônios mais recompensadores do que qualquer o ato de consumo e compra. Uma Ferrari ou seja lá quais sejam as maiores aspirações matérias da vida, nada deve comparar à sensação de trabalhar como voluntário e dar amor onde precisa de amor, gastar energia onde precisa de energia. Receber poder e reconhecimento em troca do amar incondicionalmente ao próximo como a si mesmo.
Este texto foi inspirado pelo dia mundial da Filosofia (11/11) — www.diamundialdafilosofia.com.br